quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Chega de fingir! O tempo de esconder-se terminou! O tempo de esconder-se de si mesmo precisa chegar ao fim para que a verdade faça aquilo que há muito já foi dito: Libertar...

Assumindo minha sensibilidade, minha inspiração e através disso minha inteligência, eu consigo sair dessa dicotomia de macho e fêmea e da monotonia da divisão. Eu me torno completo, assumindo minha diferença e assim, minha condição de raridade.


Esse blog é um grito, é uma afronta a toda a minha falsidade e a falsidade dos homens que se escondem atrás de suas armaduras. Não quero dizer se são ridículos ou o quão realmente são ridículos esses homens que não demonstram seus sentimentos. Acho que um dos grandes atrasos da evolução masculina foi acreditar que demonstrar o que realmente se sente era sinal de fraqueza. Claro que isso também teve sua enorme contribuição da parte feminina que juntamente com esses pobres homens também foram enganadas e iludidas e aprenderam a acreditar naquilo que outros homens queriam que elas acreditassem. Homens devem ser fortes, não chorar, não ter medo, não ter insegurança, mas na verdade não existe ser humano nenhum que não sinta tudo isso, então essas criaturas simplesmente se esforçam em não demonstrar que também sentem, que também são fracos, vulneráveis, patéticos e medrosos. Apenas não podem demonstrar, não devem demonstrar. Criticam a vaidade demasiada das mulheres, mas não é isso também vaidade e um claro sinal de insegurança? Não é uma preocupação exagerada com a ‘imagem’ que estão passando?
Muitas dessas criaturas se escondem em lugares apropriados para derramarem suas lágrimas ou para ‘apenas conversar’ com alguém. Outras ainda copiam aquele filme secreto ou baixam aquela música romântica que só escutam sozinhos em momentos de ‘fraqueza’. Outro dia, enquanto olhava os livros de poesia numa livraria de shopping, não evitei escutar a conversa de alguns homens que estavam olhando uma revista com fisiculturistas masculinos. Imaginem as pérolas que eu pude escutar... “Nossa, será que se eu tomar bomba em uns seis meses eu fico mais ou menos assim? Imagina ‘as mina’ ‘pagando pau’ pro meu corpinho”... Eu pergunto a vocês: É assim que um homem deve se parecer? Isso que é ser homem de verdade? Desculpem-me as mulheres, mas vocês também não ficam atrás ao admirarem esses ‘espécimes’ longe de extinção. É claro que eles não falaram somente essas palavras, mas falavam tantas gírias e erros grotescos que os ouvidos não só doem, mas parecem sangrar.

Bem, eu estou vivo. Eu SINTO. Sinto coisas sem muita explicação racional, apenas poética. Muitas vezes me perco dentro da estória de um filme romântico e não tenho vergonha se quer de chorar, aliás, quantas vezes não passei essa vergonha dentro de um cinema ou na casa de amigos assistindo um romance fraco e simples? Todos os romances são patéticos, assim como todas as cartas de amor, assim como todas as declarações feitas ou apenas imaginadas... Mas e daí? Eu sou um desses patetas, eu sou um desses homens sensíveis, eu sou um desses poetas e admiradores de um amor qualquer. Já chorei lendo livros que não vou mencionar os nomes, ao menos não por enquanto, já chorei lendo poesias tristes sobre corações partidos e amores impossíveis, já chorei ouvindo aquela música que me traz a lembrança de alguém que eu pensei ter amado ou de alguém que eu gostei muito e perdi, ou ainda de alguém que eu passei a odiar depois que me deixou...Ou aquela que nunca aceitou o meu amor.
Também chorei vendo o vídeo do cachorro tentando retirar da pista o outro amigo cachorro que havia sido atropelado...

Quem nunca teve medo de tomar uma decisão? Quem nunca pensou demais se era certo ou errado? Quem nunca sentiu dentro de si uma vontade tremenda de fazer alguma coisa constrangedora? Se isso é insegurança e fraqueza, eu sou forte o suficiente pra assumir que eu sinto tudo isso. Várias vezes não consegui me segurar e chorei ali mesmo, num banco de ônibus, voltando pra casa depois de ter passado por uma desilusão. Já chorei de arrependimento, em casa, depois que uma criança de rua insistiu e insistiu e insistiu pra que eu comprasse um “Halls” que ela estava vendendo, e eu a neguei essa ajuda...

Ouvi uma frase muito boa uma vez: “É preciso muito mais coragem para admitir não ser nada do que para fingir ser alguma coisa”. Acho que nem preciso comentar não é?

Como primeiro texto, esse foi apenas um suspiro das muitas coisas que eu vou narrar sobre as minhas desventuras emocionais do dia a dia. Vou explicar o título do blog e o porquê da sua existência, mas tudo no seu devido momento.
Sintam-se livres para pronunciarem suas palavras, aqui também é um espaço para quem quiser se expressar, desabafar, discutir ou criticar alguma coisa. Liberdade é a palavra de ordem. Seja livre para sentir o que você sentir e demonstre isso com a cara limpa para levar o tapa. Esse é o momento da liberdade, a derrubada da máscara do homem forte, independente e machista.
Aqui é onde se mostra a verdadeira coragem.
Coisa constante nesse blog será menção ou apresentação de uma poesia que eu gosto, que me surpreendeu e/ou que eu mesmo escrevi. Então, vou terminar com uma poesia que acho apropriada para essa abertura:

Mal Secreto
Se a cólera que espuma, a dor que mora
N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse o espírito que chora
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja a ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!
( Raimundo Corrêa)

Por Lancelot - 31/01/2010 – 03:40 A.M, Quarto, ouvindo Cranberries – Zombie